sexta-feira, março 30, 2007

Mundo da Lua.4

E aqui do mundo da Lua, quando acordei pensei comigo "hoje vai dar tudo certo, bom dia Sol, bom dia Terra", mas fui dar meu "bom dia" com minha saudosa Luneta mágica, e no "bom dia" um susto com essa terra chamada Brasil.

Que decepção, na Bahia 9 praias foram interditadas sendo que somente 185 pessoas estão passando por queimaduras, vômitos e diarréias. E digo somente porque mais de 10,5 mil pessoas serão afetadas com a suspensão da pesca, agora isso tudo porque? Porque as praias estão contaminadas por dois produtos químicos.

Falando em química lembro de uma pessoa morta intoxicada com o "formol" usado no alisamento será que não era mais fácil ter visitado uma das praias da Bahia? Poderia ser a nova campanha de Turismo, "visite a Bahia e alise o seu crespo!" Preço da estética? Não, nenhuma mulher quer ser magra como a Gisele e ter o cabelo mais liso que das Gueixas, por isso eu gosto mesmo da Shakira, prova viva de que mulher não precisa de cabelo liso para ser "gostosa".

Continuando na onda química tem gente me ajudando na campanha "rir é o melhor remédio" porque você exercita os músculos e não gasta com o Botox. Novo tipo de droga digital no mercado, compra-se uma dose de "barulho" e ao ouvir causa alterações nervosas, com reações semelhantes às drogas conhecidas. Agora imagine ao abrir o jornal a manchete "Traficante é preso com 5 megas de cocaína e 2 Gigas de maconha" Risos só para não perder o costume.

E por costume vou ficando por aqui trocando minha Luneta pelos meus óculos escuros e só sentindo o Sol, porque praia ultimamente esta arriscado, você ganha de brinde uma diarréia? ôh presentinho de grego! E pediram para eu não misturar remédios, depois que a modelo da play boy morreu com uma overdose causada por uma mistura de remédios é melhor eu me contentar só com um quartinho de lexotan mesmo!

quinta-feira, março 29, 2007

Aniversário da sua ausência - Tati Bernardi

A gente quase completou um ano de namoro, quase. Faltou um mês ou um pouquinho mais, não lembro. Mas hoje, sem mais nem menos, completamos um ano de separação. Ano passado essa hora, exatamente a essa hora, eu lembro bem. Eu estava no show do U2 que você não quis ir comigo e me ocupava em perguntar, de dez em dez segundos, e de dez em dez pessoas, quando é que você iria me ligar e dizer que tinha pensado melhor. Quando? Você nunca ligou, nunquinha. E eu esperei, esperei, esperei tanto tempo, nossa, como eu esperei. Acho que eu nunca esperei tanto nada em toda a minha vida. Outro dia a Myla me perguntou o que você tinha me ensinado. A gente estava conversando sobre os legados que as pessoas deixam em nossas vidas e ela quis saber qual tinha sido o seu. O coiso me ensinou a gostar de MPB e cinema europeu, o outro coiso me ensinou a gostar de sexo e restaurante caro. Teve o coisinho que me ensinou a ser engraçada e jogar frescobol. E você? Que raios me ensinou? Fiquei sem saber na hora, fiquei sem saber o que responder para a Myla. Mas hoje, no nosso aniversário de um ano separados, posso dizer que foi você quem me ensinou a lição mais importante da minha vida: você me ensinou a sofrer. Eu nunca, nunca, em vinte e sete anos de vida, tinha sofrido. Nunca. Claro, eu odiava ver meus pais quebrando o pau quando era criança, mas eu lembro que eu, pequenininha, pensava: um dia um príncipe vai me levar para longe dessa casa com gente louca que fuma demais, berra demais, desmaia e chuta vasos. Eu sofri também na escola, quando para alguém me enxergar eu tinha de promover bizarrices. Mas eu era muito nova para me separar das bizarrices e acabava também chamando a minha atenção: será que eu sou bizarra? Depois, em casa, quando eu dobrava direitinho o uniforme para o dia seguinte e me sentia um papel de parede bege que ninguém entende pra que serve, eu pensava: um dia um príncipe vai me levar pra longe dessa falta de vida, dessa falta de beleza, dessa falta de compreensão, dessa falta de cor, dessa falta de sei lá o que porque eu era novinha demais pra saber o que faltava. Esperar o raio do príncipe sempre disfarçou minha dor, sempre me refugiou dela. Mas quando você, no dia 20 de fevereiro de 2006, me mandou seguir meu caminho sozinha, fiquei sem saber como fugir da dor. Você era meu príncipe. Depois de tantos amores estranhos, pequenos, errados e tortos, finalmente eu tinha reconhecido no seu olhar centralizado e no seu sorriso espalhado, o meu príncipe. E o meu príncipe estava me dando o fora. Que porra eu ia esperar da vida agora? Quem iria me levar para longe se você não me queria mais por perto? Não teve como. Foi a primeira vez na vida que não consegui me enrolar e acabei deixando a dor vencer. Pela primeira vez a realidade falou mais alto que a fantasia. Pela primeira vez a realidade da sua ausência falou mais alto que a fantasia de anos a sua espera. Sofri pra caralho, como diz por aí quem sofre pra caralho. Mais do que livros cabeças, músicas bacanas, frases inteligentes, lugares descolados ou posições sexuais, você me ensinou o que realmente importa aprender nessa vida: que a vida pode ser uma grande, imensa e gigantesca merda. É, ela pode ser. E que não existe porra de príncipe porra nenhuma. Que nem ninguém e nem nada pode te levar para longe de nada. É isso e pronto. E é assim pra todo mundo. E pronto. Qual o drama? A dor infinita dos dias infinitos que vieram depois do dia em que você se foi pra sempre veio misturada com toda a dor que eu não senti em todos esses anos. A dor do seu pé na bunda trouxe vasos jogados, bitucas eternas de cigarros em longas discussões pesadas, tardes perdidas em odiar o mundo, cabeças viradas, corredores frios, papéis de parede beges e grupinhos festivos e fechados. A nossa dor acabou sendo toda a dor que fazia fila em mim para ser sentida. E já que a porta pra realidade estava aberta, por que não sofrer também pelas criancinhas carentes, os países em guerra, a estupidez humana e a dor das juntas da minha mãe? Por que não sofrer pela condição das favelas, das prisões e da Terra? Por que não temer o aquecimento global, o ácido dos limpadores de vidro na Henrique Schaumann e as frases do Clodovil? A dor da sua partida trouxe toda a dor do mundo. De uma só vez. Mas agora já passa da meia noite. Não é mais nosso aniversário de fim e, pra te falar a verdade, eu já não sofro mais o nosso fim faz tempo. E pra te falar ainda mais a verdade, eu acho mesmo que você foi o príncipe que eu esperei a vida inteira. Você chegou e me levou embora. Levou embora a menina que tinha medo de sentir a vida e esperava uma salvação para tudo. Quem sobrou é essa desconhecida que se conhece muito bem em suas bizarrices, lê jornais todos os dias, substituiu o bege pela cor do verão, tem uns pais gente boa ainda que malucos, adora os poucos e estranhos amigos, não espera mais pelo cavalo branco mas fica ansiosa pelo início da novela e talvez esteja pronta para amar de verdade. Amar um homem e não um príncipe.

quarta-feira, março 21, 2007

Amores Apertados - Martha Medeiros

Sabe aqueles banheiros mínimos, que quando um entra o outro tem que sair? Tem amores que parecem um banheiro apertado: só cabe um. Ela ama o cara. Interessa-se pela sua vida, seu trabalho, seus estudos, seu esporte, seus amigos, sua família, enfim, ela está inteira na dele. Ele, por sua vez, recebe isso de muito bom grado mas não retribui. Não pergunta pelo trabalho dela, pelas angústias dela, por nada que lhe diga respeito. Ela, obviamente, não gosta desta situação, mas vai levando, levando, levando, até que um belo dia sua paciência se esgota e ela tira o time de campo. Aí ele entra. De repente, como num passe de mágica, ele se dá conta de como ela é legal, de como ele tem sido distante, de como vai ser duro ficar sem a sua menina. Então ele a torpedeia com e-mails e telefonemas carinhosos. Mas ela é gata escaldada, não vai entrar nessa de novo. Ele insiste. Quer vê-la, quer que ela entenda que ele é desse jeito tosco mesmo, mas que no fundo ela é a mulher da vida dele. Ela é gata escaldada mas não é de gelo: então tá, vamos tentar de novo. Ela entra com tudo. Com a namorada resgatada, ele se isola novamente em seu próprio mundo, deixando-a conduzir tudo sozinha. É ela quem o procura, é ela que o elogia, é ela que arma os programas, é ela que lembra das datas, é ela, tudo ela, só ela. Quer saber: tô fora! Aí ele entra. Pô, gata, prometo, juro, ó: vou cobrir você de carinho. E não é que ele cumpre? Passa a tratá-la como uma deusa, superatencioso, parece outro homem. Ela aceita a deferência, mas não entra mais nesse jogo. Simplesmente não retribui o afeto dele, quase nunca telefona, sai com as amigas toda hora, e ele ali, no maior esforço. Ela esnobando, ele tentando, ela se fazendo, ele se declarando. Até que ele enche: tô fora. Aí ela entra. E ele esfria, e ela cai fora, e ele volta, e seguem neste entra-e-sai até o desgaste total. Bom mesmo é amor em que cabem os dois juntos.

quinta-feira, março 15, 2007

Mundo da Lua.3

E mais uma vez eu, diretamente do mundo da Lua, com minha famosa luneta, [sério tem gente querendo emprestada] me pego distraido com a hipocresia de alumas figuras desse mundão.

Eu não poderia deixar de falar desse convidado sentimentalista, Bush, sim ele passou por aqui causando muita confusão no transito de Sampa, protestos pelas ruas, modelo nua se promovendo e incrivelmente não sei como ele não foi promover o programa do BBB.

Nosso amigo veio prestar seus sentimentos e fazer uma proposta indecente: Navio Hospital, como se os maiores problemas sociais estivessem no litoral e não interior do Brasil(?) Professores de Inglês para ajudar na Educação, eu acredito que a Richthofen dominava a lingua, ainda assim fico imaginando em celas brasileiras um presidiario falando à outro "I like 9mm" como se o "inglês" formasse o carater de alguém ... Diminuir a taxa do Etanol ele não quer, né! Perdoar a divida externa muito menos... eu como brasileiro sinto-me ganhando um brinde por um lache que paguei muito caro. Viva ao Mc e o capitalismo norte-americano! VIVA!

E o sr. Lula resolveu me ajudar na campanha "Rir é o melhor remédio", porque você movimenta mais músculos rindo que enfiando a mão no bolso. Ele disse "Ser piguim deve ser muito dificil, ser gente é mais facil", esquecendo que "ser gente" governante de um país, não saber as merdas da camara e fazer as viajens que ele faz deve realmente ser mais facil que ter inteligência para cuidar de um ovo e manter o extinto de sobrevivencia... Será Lula o Presidente dos pinguins? será que ele teria um iglu só para ele? Ainda me pergunto quem é mais irracional a Lula ou o pinguim!

Depois desse eclipse lunar onde eu fiquei acenando para os meus observadores do planetário, me divertito entre as fases da Lua, sentindo o Sol brincando com meu poi e agora comemorando a viajem de Bush com seu sentimentalismo capitalista à outros paises baixos.

domingo, março 04, 2007

Faz-de-conta - Martha Medeiros

Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: faz-de-conta que eu te odeio. Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: faz-de-conta que te amo.
Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: faz-de-conta que dou conta do recado.
Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: faz-de-conta que não quero.
Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: faz-de-conto que me importo.
Jogo uma perna pro alto, a outra pro lado, faço cara de gostosa, os cabelos escorridos na rosto, me retorço, gemo, sussurro, grito e poso: faz-de-conta que eu gozo.
Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: faz-de-conta que não sofro.
Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: faz-de-conta que eu entendo.
Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: faz-de-conta que eu cozinho.
Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: faz-de-conta que não dói.