sexta-feira, julho 20, 2007

Carta de um suicída

Vai!
Vai pega um papel!
Caneta!
Faca!

Começa a escrever, coloca no papel em palavras a sua despedida, para fulano, ciclano e beltrano. lágrimas rolando e a emoção vai subindo e assim você termina logo cortando os pulsos, manchando todo o papel as suas letras de lágrimas e sangue.

Começa!

Mas a emoção não permite que uma só palavra saia dessa cabeça louca!

Não, ele escreveu com grandes letras em maiúsculo um grande "FODA-SE". Abaixo em letras miúdas "Foda-se ao seu mundo mediocre, que me deixou aqui sozinho largado na ausência..." Antes de continuar ele pensou na palavra "Ausência"E percebeu que esta fora sua companhia mesmo estando junto os últimos três anos. ele sempre à sentia.

Ela louca, consumista, capitalista, criava algo, administrava mal seu tempo nunca participou de uma reunião com os amigos dele, nunca se propôs dormir ao lado, abraçados, nos momentos mais difíceis para ela, logo ele pensando na palavra "ausência" percebeu que esta fora sua melhor amante.

E ali deitado no chão ao lado da faca, do papel e da caneta houve a morte.

Dele?

Não dela, afinal ele pensou "três anos sem a presença e participação dela na minha vida, porque me mataria?". Ele simplesmente percebeu que a carta de um suicídio se tornou a carta de despedida para um homicídio. E ali ela foi morta, com sua ausência, com seu jeito consumista e capitalista. Ele à matou com toda a dor que ele poderia sentir, com toda a mágoa ... à matou com seu amor afogando-os em lágrimas.

Fofoca e um simples desejo

Conheço uma história parecida como a sua... Ana gostava de Paulo, ele sofria por outro alguém e ainda assim insistiram na relação, os dois eram extremos. Ela com seu jeito esnob e melancólico. Ele um jeito despojado e risonho. Ela curtia teatro e um bom filminho europeu, ele musicas da década de 80 e cães. Ela amava gatos e poesia, ele achava aquilo um tédio. Ela curtia os shows de MPB e exposições, ele odiava o transito e as filas para tais.

Dois extremos, opostos completos. Como disse Arnal Jabor "Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim." Com tantas diferenças eram um casal invejável.

Mas um dia Paulo disse não querer mais continuar ao lado dela e mesmo ela sabendo que com antas diferenças não poderia dar certo mesmo, além de um milagre. Ela Sofreu feito uma cadela veia. Chorou horrores na madrugada, falou explicou e mostrou motivos para estarem juntos, mas era inevitavel... Enfim meses depois ela superou.

Paulo havia semanas antes recebido um pedido de desculpas e ficou tentado voltar para Joana. A ex que até então havia deixado ele para conquistar seus sonhos, Joana era determinada, trabalhava, estudava e ganhava dinheiro facilmente. Mas quando fechava os olhos pensava nele, mesmo namorando outro, e ainda assim era triste e frustrada por não ter realizado o que queria quando havia deixado Paulo. Joana se arrependeu e tentou voltar mas não sei se ambos estão juntos.

Paulo até então disse para Ana que vai fazer como Joana, abrir mão de um lance com ela para correr atraz dos objetivos dele. Ana hoje esta feliz com Caio, um cara que dá valor nela, até não gostando dos programinhas "piegas" de Ana mas esta feliz ao lado dela. E a única coisa que Ana deseja é que o fim de Paulo não seja como o de Joana. Estar com uma pessoa, pensar em outra e chorar a dor de não ter conquistado o que queria.

quarta-feira, julho 18, 2007

NEOQEAV - Desconhecido

...Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.
A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra 'NEOQEAV' num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando 'NEOQEAV' escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar.Eles escreviam 'NEOQEAV' com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse.

Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho.'NEOQEAV' era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra a iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar 'NEOQEAV' na última folha e enrolou tudo de novo.Não havia limites para onde 'NEOQEAV' pudesse surgir.
Pedacinhos de papel com 'NEOQEAV' rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam.
Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros.'NEOQEAV' era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira.
Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília.Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam.

Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar.

O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam.Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos. Antes de cada refeição eles davam graças a Deus e bênçãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.

Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair.O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã.E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa.Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, orando a Deus para zelar por sua esposa.Então, o que todos nós temíamos aconteceu.

Vovó partiu.'NEOQEAV' foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó. Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez. Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela.Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser.Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava. Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando: 'Mas o que NEOQEAV significa?'

'NEOQEAV' = Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você